terça-feira, 11 de outubro de 2022

Como os judeus do primeiro século preparavam os mortos para ser sepultados?

O sepultamento ocorria logo depois da morte da pessoa, geralmente no mesmo dia. Havia dois motivos para isso. Primeiro, os corpos se decompõem com muita facilidade no clima quente do Oriente Médio. Segundo, de acordo com o modo de pensar da época, deixar um corpo sem enterrar por dias mostraria falta de respeito pelo falecido e sua família.

Os Evangelhos e o livro de Atos registram pelo menos quatro sepultamentos realizados no mesmo dia da morte. (Mateus 27:57-60; Atos 5:5-10; 7:60–8:2) Séculos antes, Raquel, a amada esposa de Jacó, morreu no meio de uma viagem. Em vez de levar o corpo dela ao lugar de sepultamento de sua família, Jacó a enterrou numa sepultura “no caminho de . . . Belém”. — Gênesis 35:19, 20, 27-29.

Os relatos bíblicos mostram que os judeus eram muito cuidadosos ao preparar o corpo para o enterro. A família e os amigos lavavam o corpo do falecido, untavam-no com óleos aromáticos e o enrolavam em panos. (João 19:39, 40; Atos 9:36-41) Os vizinhos e outras pessoas talvez viessem para expressar seu pesar e consolar a família. — Marcos 5:38, 39.

O sepultamento de Jesus foi típico dos enterros judeus?

Muitas famílias judias enterravam seus mortos em cavernas e em túmulos escavados em rocha macia, que era comum em muitas partes de Israel. Ao fazer isso, eles seguiam o padrão estabelecido pelos patriarcas. Por exemplo, Abraão, Sara, Isaque, Jacó e outros foram enterrados na caverna de Macpela, perto de Hébron. — Gênesis 23:19; 25:8, 9; 49:29-31; 50:13.

Jesus foi enterrado num túmulo escavado em rocha maciça. (Marcos 15:46) Esse tipo de sepultura geralmente tinha uma entrada estreita. Dentro dela, vários nichos, ou espaços semelhantes a prateleiras, eram escavados na rocha, onde os corpos de familiares falecidos eram colocados. Segundo o costume da época, depois que a carne se decompunha, os ossos secos eram recolhidos e colocados num recipiente de pedra chamado ossuário. Assim, a família teria mais espaço para sepultamentos futuros.

O descanso do sábado exigido pela Lei mosaica impedia que os judeus cuidassem dos preparativos de sepultamento nesse dia. Visto que Jesus morreu cerca de três horas antes do início do sábado, José de Arimateia e outros o enterraram sem terminar de preparar o corpo para o sepultamento. (Lucas 23:50-56) Por isso, algumas mulheres foram ao túmulo de Jesus depois do sábado, na esperança de terminar esse processo. — Marcos 16:1; Lucas 24:1


domingo, 13 de junho de 2021

 ANDOU MESMO ENOQUE COM DEUS ?

“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amós 3:3).

No capítulo quarto do livro de Gênesis, o autor descreve os descendentes de Adão seguindo duas linhas diferentes de adoração através de Caim e Abel: Abel adorando Deus pela fé e trazendo sacrifício de sangue como base de sua aceitação. Caim, recusando a expiação vicária requerida pela graça, exibiu apenas o produto de seu próprio trabalho, o que foi, de imediato, recusado pelo Criador. O remanescente do capítulo esboça a linhagem ímpia da queda de Caim até a sétima geração e, culmina com um relato do nascimento de Sete, o sucessor designado de Abel e do qual deveria descender a raça escolhida e o Messias.

Uma nova seção é aberta no capítulo quinto de Gênesis: O justo Abel foi morto, e todos os descendentes de Caim estão condenados à destruição pelo Dilúvio. Portanto, é de Sete a linhagem de Noé, cujos filhos, ao saírem da Arca, repovoarão a terra. Chamam a atenção do estudante da Bíblia duas frases: “No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez”, (Gn 5:1) e “Adão... e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5:3).

Pelo pecado, Adão perdeu a semelhança de Deus e sua natureza se tornou corrupta e, um pai caído não podia fazer mais do que gerar um filho de natureza pecaminosa, corrupta. Sete foi gerado à semelhança de um pai pecador e transmitiu à sua posteridade o que havia recebido. Temos aqui, a doutrina da pecaminosidade universal. Os versículos decorrentes traçam os descendentes de Sete e, a morte é amplamente narrada durante o registro. Lemos oito vezes: “E ele morreu”.  

Contudo, nos versículos 21 a 24 lemos uma notável exceção: Enoque, o sétimo desde Adão, não morreu. Ele foi trasladado sem ver a morte. “Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gn 5:21-24).

A primeira idéia que é inferida em “Enoque andou com Deus” é reconciliação. Uma pergunta pertinente é feita em Amós 3:3: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” Logo, dois andando juntos supõe acordo, afinidade, harmonia. Quando as Escrituras falam que uma pessoa andou com Deus, está implícito que ela foi reconciliada com Deus, e não o inverso. Andar com Deus implica uma correspondência de natureza, pois a luz não tem comunhão com as trevas. (Cf. 1Jo 1:6, 7). Como qualquer outro descendente de Adão, Enoque possuía uma natureza pecaminosa e, por conseguinte, era um potencial pecador e carente da “glória de Deus”.  

Em Hebreus 11:5, encontramos a chave da reconciliação de Enoque com o Céu: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte [...] obteve testemunho de haver agradado a Deus.” Nascido neste mundo, um perdido pecador é salvo pela graça mediante a fé, nasce de novo e é feito participante da natureza Divina. Ele é conduzido a um concerto com o Soberano e justificado para ter comunhão com o Altíssimo.

 

“O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO” (ANTÔNIO MACHADO: 1875-1939)

“Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus” (Gn 5:21, 22). O texto bíblico não diz que Enoque andou com Deus antes que seu filho nascesse, e a conclusão provável é a de que a chegada deste presente de Deus pode ter sido o meio de conduzi-lo a esta íntima comunhão. Deveria ser sempre assim. As responsabilidades paternais deveriam nos lançar cada vez mais em direção a Deus. “Durante aqueles primeiros anos Enoque havia amado e temido a Deus, e guardara Seus mandamentos. Após o nascimento do primeiro filho, atingiu uma experiência mais elevada; foi atraído a uma comunhão mais íntima com Deus” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 51).

O nome de seu filho sugere fortemente que Enoque tinha recebido uma revelação de Deus. Metusalém significa: “Juízo de Deus”. “Quando ele morrer, o fim virá”. Enoque deve ter convivido com a urgência do tempo. Desde a época em que Metusalém nasceu, o mundo perdeu todo o seu encanto para Enoque e, daquela período em diante, como nunca antes, ele andou com Deus.

Andar com Deus é uma necessidade de todo ser humano devido à grande carência de segurança, proteção, sustento e conforto. Assim como a criança sente-se segura andando ao lado de seu pai, nós também nos sentimos quando andamos com Deus. Este tipo de andar significa: concordar, comungar, harmonizar, combinar, compartilhar, estar em sintonia. Para andar com Deus é preciso estar de acordo com Ele.

O verbo “andar” vem do vocábulo hebraico “Klh” – (halak), que além de outros, tem o sentido de “caminhar aproximadamente”, “caminhar junto de”, “conduzir”, trazendo a idéia de proximidade, comunhão. Enoque desfrutava de uma comunhão íntima com o Senhor. O verbo “tomar”, de acordo com o vocábulo hebraico “xql” – (laqach), tem o significado de “levar”, “arrebatar”, “remover”, “levar pela mão”. Enoque foi removido da terra para os céus, sem passar pela morte.

 

COMO ENOQUE ANDAVA COM DEUS?

“O andar de Enoque com Deus não era em transe ou em visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou eremita, isolando-se inteiramente do mundo; pois tinha no mundo uma obra a fazer para Deus. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e pai, amigo e cidadão, era o resoluto e inabalável servo do Senhor” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, pp. 51, 52).

“Enoque foi um ensinador público da verdade na época em que viveu. Ele ensinava a verdade; vivia a verdade; e o caráter do ensinador que andava com Deus era, em todos os aspectos, harmonioso com a grandeza e santidade de sua missão. Enoque era um profeta que falava movido pelo Espírito Santo” (Ellen G. White, Recebereis Poder, 253).

 

ENOQUE NA TERRA DE CAIM

“Ao serem-lhe reveladas as cenas do futuro, Enoque tornou-se um pregador da justiça, levando a mensagem de Deus a todos os que quisessem ouvir as palavras de advertência. Na terra para onde Caim procurara fugir da presença divina, o profeta de Deus tornou conhecidas as maravilhosas cenas que haviam passado perante sua visão. ‘Eis que é vindo o Senhor’, declarou ele, ‘com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram.’ Judas 14 e 15” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 52).

 

FÉ SEM INTIMIDADE NÃO É FÉ

Com a visão dos nossos dias, creio, Jesus suscitou uma relevante reflexão: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18:8). Nenhuma outra geração tem se concentrado tanto na fé quanto a nossa. Todos os dias multiplicam-se os que falam sobre fé: Sermões, cursos, livros e conferências se espalham com o intuito de levar uma mensagem de fé. Hoje há pastores da fé, mestres da fé, até igrejas da fé. Obviamente, se há um tipo de especialização ocorrendo no mundo religioso nos dias de hoje, é sobre esta área da fé.

 

Infelizmente, aquilo que uma grande maioria das pessoas considera ser fé hoje, não é fé segundo o crivo das Escrituras, pois é um tópico totalmente humanizado, materializado, como se a fé  existisse só para ganho pessoal, ou para atender às necessidades pessoais, desprovida de piedade prática.  A Palavra de Deus é clara ao descrever que toda fé verdadeira nasce da intimidade com Cristo. O fato é que, se a fé não vem a partir desta intimidade, não é fé aos Seus olhos.

Hebreus capítulo onze fala de um padrão bíblico de intimidade: encontramos um denominador comum na vida das pessoas mencionadas. Cada uma tinha uma característica pessoal que denota o tipo de fé que Deus ama, ou seja, uma fé nascida de uma profunda intimidade com o Senhor que vem de se desejá-Lo ardentemente, de um laço de união, de comunhão. “A intimidade do Senhor é para os que O temem, aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança” (Sl 25:14). O fato é que é impossível possuir a verdadeira fé sem compartilhar intimidade com Ele.

Segundo Hebreus, foi a intimidade de Enoque com o Senhor que  tanto O agradou. Tanto quanto se sabe, este homem nunca realizou um milagre, nunca desenvolveu uma teologia profunda, nunca fez grandes obras que merecessem menção nas Escrituras. Em vez disso, lemos esta declaração simples da vida deste homem simples: “Andou Enoque com Deus”. Através do exemplo de Enoque, aprendemos que muito mais importante do que ter ou fazer é SER.

Em nossa sociedade atual, espiritualidade é medida proporcionalmente pelos bens que adquirimos, ou pelos grandes “feitos” que realizamos em nome da religião. Porém, se estivermos “andando com Deus”, não vamos mais precisar de nenhum subsídio para evidenciar nossa comunhão com Ele. Não precisaremos mais do marketing religioso para vender a nossa imagem pública diante das pessoas. Pois a única coisa que realmente terá importância pra nós será a bênção de “andar com Deus.” Que seja esta a nossa marca, o nosso slogan, o fator diferencial da nossa vida.

 

DEPENDÊNCIA, CADA DIA, DE DEUS

Um marido, cansado de problemas familiares, desabafou para a esposa: “É incrível! Sempre temos um problema familiar pelo qual orar. Parece que isso não acaba nunca!” A esposa ponderou: “E o que você queria? Ser independente de Deus?” A vida cristã é isto – dependência diária de Deus, tanto na paz como na tempestade. Nos escritos bíblicos encontramos revelações muito francas sobre os defeitos de caráter de grandes homens de Deus, como Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi e outros. Sobre Enoque, lemos que tinha “intuição de sua própria fraqueza e imperfeição” (Patriarcas e Profetas, p. 85).

A vida de Enoque é, sem dúvida, um exemplo para os crentes de todas as épocas. Nosso andar com Deus não deve ser alcançado através de experiências místicas ou afastamento da sociedade, “mas em todos os deveres da vida diária”. Em meio à correria desenfreada da vida moderna, precisamos “aquietar” para conhecer e saber Quem é Deus (Cf. Sl 46:10). Vivemos na era dos “fast food”, aviões e trens velozes, os quais tornam possível estarmos em dois ou três lugares no mesmo dia. Apesar de tudo isto, a cruz possibilita o nosso andar com Deus.

Martinho Lutero tinha uma frase que dizia: “Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu Guia.” “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co 1:9). Aquele que experimenta o novo nascimento, precisa crescer na graça e no conhecimento de Cristo, o que não ocorre da noite para o dia, mas é obra de uma vida inteira. Basta entregar-se, diariamente, à fonte dessa transformação.

 

 

 

Realmente Enoque não era do tipo que apreciava fazer as mesmas promessas, todos os finais de ano, dizendo que no ano seguinte faria mais exercícios, comeria mais frutas, passaria mais tempo com a família, investiria mais tempo em oração, etc. Nada disso. Enoque era homem com hábitos bem claros e que sabia aonde queria chegar. Não era muito afeito a sentimentalismos típicos de Ano-Novo, mas optava por decisões consistentes e duradouras. Isso ele aprendeu diretamente com seus pais e com Deus. Aliás, o sujeito se tornou companheiro inseparável do Eterno.

Quem não conhecia Enoque, pensava que era mais um louco. Parecia que, às vezes, falava sozinho enquanto caminhava. Nem pensar em insanidade. Apesar da longevidade, Enoque não tinha qualquer traço de senilidade. Tratava-se de um homem bem lúcido, capaz de ter uma boa palavra para quem se aproximava dele. Aliás, seus conselhos valiam ouro. Com a experiência de dezenas de anos de vida e a proximidade com o Criador, Enoque bem que podia cobrar até 500 mil dólares por palestras. Ficaria rico em pouco tempo! Convites não faltavam para se assentar nas várias rodas de ouvintes e a todos procurava atender.

De vez em quanto, entretanto, Enoque sumia temporariamente. Subia um monte, afastava-se por um rápido período de tempo do povo em geral e ficava em profunda reflexão com Seu grande amigo. Era a hora de providenciar uma recarga especial de baterias. Mas longe de ser um ermitão, um cidadão isolado, alheio às necessidades daqueles que conviviam com ele. Enoque, com seus filhos, mantinha um bom relacionamento na comunidade. Homem de ótima reputação; em resumo, era uma referência para quem tinha dúvidas acerca de como as coisas funcionavam no reino celestial. Queria entender um pouco mais de Deus? Não precisava navegar na web, nem assistir a programas de TV ou comprar livros específicos. Bastava passar uns minutos com Enoque que muitas dúvidas eram esclarecidas.

Dizem que o hábito faz o monge, mas, no caso de Enoque, o hábito fez muito mais do que isso. Repetidamente esse contato com o Eterno fez com que o próprio Deus resolvesse tomar uma atitude meio “radical”. Resolveu recompensar o amigo da terra e o levou para morar com Ele, só que no céu. Que presente de Ano-Novo! E, para completar, recebeu um vislumbre do que seria o futuro com o Salvador da humanidade. O que mais poderia querer o bem-aventurado Enoque?

Nada. Apenas desfrutar uma vida sem passar pela morte. Privilégio de pouquíssimos, oportunidade ímpar que o homem religioso, de hábitos cotidianos e de vida modesta, soube aproveitar. Quem não passou um tempinho com Enoque, enquanto ele viveu sua vida por aqui na terra, agora pode meditar no seu passado exemplar. Se ele foi perfeito, isso eu não sei. Mas certamente é um modelo a ser seguido por todos aqueles que não querem fazer apenas promessas em 2012, mas tomar importantes decisões.

Para mim, Enoque, sem dúvida alguma, foi um homem reavivado espiritualmente.

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ESTUDE TAMBÉM , A Ruptura da União Europeia e a Profecia de Daniel 2

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

A Ruptura da União Europeia e a Profecia de Daniel 2

 

 O Reino Unido decidiu em referendo, por mais de 1,2 milhão de votos de diferença, deixar a União Europeia (UE). O resultado da consulta foi divulgado na madrugada de sexta-feira, dia 24 de junho.

A União Europeia foi criada oficialmente no dia 07 de fevereiro de 1992, na Europa, porém sua origem é bem mais antiga e está intimamente ligada a processos anteriores de criação de um grande bloco econômico europeu. Esse bloco surgiu da união dos países que faziam parte do Benelux, que era um pequeno bloco formado pela Holanda, Bélgica e Luxemburgo, com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que era formada pela Alemanha, Itália e França. Após a união desses dois blocos, outros países se juntaram e passaram a fazer parte, que se transformou no Mercado Comum Europeu através do Tratado de Roma, que aconteceu em 1957.

A notícia de que o Reino Unido deixaria de fazer parte do bloco causou uma comoção de postagens, perguntas e reflexões tratando sobre a profecia de Daniel 2. Seria esse fato um cumprimento profético? Antes de responder, creio que uma visão geral do capítulo nos ajuda e entender melhor e formar uma posição equilibrada da profecia, fugindo de qualquer especulação ou alarmismo.

Contexto de Daniel 2

O capítulo narra o momento em que Deus deu a Nabucodonosor um sonho. Havia uma mensagem especial da parte de Deus ao rei e que por extensão chegaria até os últimos dias da história do mundo. Ao acordar, Nabucodonosor não se lembrava dos detalhes do seu sonho, mas sabia que esse sonho tinha certa importância.

Até o verso 3 do capítulo 2, o idioma no qual estava escrito era o hebraico. A partir do verso 4, o texto está em aramaico. Daniel está escrevendo diretamente às nações vizinhas de Israel, que não falavam o hebraico.

Ao acordar, o rei pede que aos sábios de Babilônia que digam a ele qual foi o sonho que ele teve e o que significava. Os sábios de Babilônia não tinham condições de responder ao rei. Eles tentaram ganhar tempo, pois percebiam que a situação iria se complicar, pois Nabucodonosor falava sério. Fica evidente que os pretensos poderes humanos de adivinhação, previsão, astrologia, na realidade não existem. Deus age onde a sabedoria humana não age. Deus faz o que nenhum homem pode fazer e somente Ele é quem conhece o futuro.

Daniel não sabia o que estava acontecendo até que Arioque lhe falou sobre o decreto de morte que o atingiria, por ser um sábio ele também teria que morrer. Daniel mostra calma no momento de aflição, pois confiava em Deus e sabia que o Senhor estava no comando e não precisava se desesperar.

O rei convocou os sábios das mais altas categorias e Daniel e seus amigos, mesmo sendo considerados sábios no capítulo 1, não foram convidados. Quando sabe do decreto, Daniel pede prazo ao rei.

O que mais tinha enfurecido o rei foi a demora dos sábios em lhe dar a resposta. Daniel se apresenta com humildade e simplicidade ao rei. O seu pedido foi diferente. Os caldeus pediam que o rei lhes falasse o sonho e eles interpretariam. Já Daniel pede única e exclusivamente tempo e o rei concedeu.

Daniel voltou para a sua casa e relatou aos seus amigos pedindo a eles que também orassem a Deus pela solução do mistério. O Senhor é o único solucionador das questões impossíveis. Deus mostra a Daniel o sonho e a sua interpretação.

O profeta vai ao encontro do rei e antes de começar a interpretar o sonho, ele faz com que o rei volte a sua mente a Deus. Daniel dá testemunho do Senhor e do Seu poder antes de começar a solucionar o problema. O sonho apresentava uma estátua com metais diferentes. A cabeça era de ouro, os braços e o peito de prata, o ventre de bronze, as pernas de ferro e os pés uma junção heterogênea de barro e ferro.

Cada metal representava um reino diferente conforme a interpretação de Daniel. O rei de Babilônia era a cabeça de ouro, elemento abundante na terra de Babilônia. Os reinos que sucedem são representados por elementos e partes do corpo na estátua que se encaixam por completo na história. Daniel prediz eventos muitos anos antes de acontecerem. Os eventos do capítulo 2 aconteceram no ano 603 a.C.

Pela Bíblia, vemos uma história que sempre foi marcada pela atuação de Deus para chegar até o seu plano final, que é a consumação da história da redenção. Um questionamento que sempre aparece é como isso está relacionado com o livre-arbítrio que Deus deu aos seres humanos.

O que temos, na verdade é um livre-arbítrio condicionado. Embora os seres humanos sejam livres, dentro dele existem limites. Toda vez que o livre-arbítrio do homem começa a interferir nos planos de Deus, Ele atua redirecionando a história. Deus, ao criar o mundo, tinha um plano para toda humanidade, uma história linear. O homem se desviou da rota que lhe foi inicialmente proposta. Deus respeita esse desvio, mas respeita até certo limite, quando isso não influencia no propósito final. Em outras palavras a história não está abandonada por si só, Deus está controlando tudo.

As nações da estátua marcam os impérios de propensões mundiais. Esses quatro impérios mundiais e o império dividido pelos pés em parte de ferro e barro apresentados por Daniel tiveram a sua faixa de tempo no governo, todos comprovados pela história.

Veja um estudo em vídeo sobre o assunto:


 


Partes da Estátua

Impérios e Períodos

Cabeça de ouro

Babilônia – 605 a 539 a.C.

Peito e braço de prata

Medo-Persa – 539 a 331 a.C.

Ventre e Coxa de bronze

Grécia – 331 – 168 a.C.

Perna de Ferro

Roma – 168 a.C. a 476 d.C.

Pés de ferro e barro

Divisão de Roma que vai desde 476 d.C. até a Volta de Jesus Cristo marcando o final da história desse mundo.

 O verso 41 de Daniel 2 apresenta o último império, representado pelos pés como um reino dividido. A história nos mostra que após o império romano, o último império humano de alcance mundial, surgiu uma divisão do império em 10 partes, que são milimetricamente confirmados pelos dez dedos dos pés da estátua.

Os dez reinos resultantes da divisão foram: Francos, Alamanos, Anglos, Lombardos, Visigodos, Suevos, Burgundos, Hérulos, Vândalos e Ostrogodos.

Aplicação final da interpretação profética

O ferro e o barro definem que alguns deles seriam fortes e outros fracos. Como, por exemplo, a força militar que possuíam os francos e visigodos. Mas o fator que mais chama a atenção está no fato de que ferro e barro não se misturam. E isso era uma profecia permanente de que depois do quarto império, os países europeus tentariam se reunificar para formar um novo império, mas não mais se ligariam. Existiram várias tentativas de uma unificação, mas todas sem sucesso, entre elas estão:

Carlos Magno – séc. VIII.

Carlos V – séc. XVI.

Napoleão Bonaparte – séc. XIX.

Kaiser Guilherme II e Hitler no séc. XX.

Todo o insucesso mostra que a profecia estava certa, todas as tentativas foram frustradas, pois a união não foi consolidada. O barro aparece sempre como elemento central dando a ideia da fragilidade dos impérios humanos. A União Europeia, enfraquecida pela possível saída do Reino Unido, é apenas a continuidade da profecia que afirma que ferro e barro não se misturam. Não há nenhum elemento novo, senão a força da revelação bíblica séculos depois da previsão.

A profecia termina com uma pedra que destrói toda a estátua. Ela representa o reino de Cristo que será um reino eterno. Será estabelecido para sempre e terá o mundo todo unido. Haverá sim um império mundial, não mais controlado por homens, mas agora comandados pelo próprio Deus. A pedra que destrói a estátua e cresce do tamanho do mundo é a Volta de Jesus Cristo.

Em setembro, vamos falar mais sobre esse assunto na Semana do Evangelismo Web que terá como tema novamente O Último ImpérioA primeira edição ocorreu em 2015.