domingo, 13 de junho de 2021

 ANDOU MESMO ENOQUE COM DEUS ?

“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amós 3:3).

No capítulo quarto do livro de Gênesis, o autor descreve os descendentes de Adão seguindo duas linhas diferentes de adoração através de Caim e Abel: Abel adorando Deus pela fé e trazendo sacrifício de sangue como base de sua aceitação. Caim, recusando a expiação vicária requerida pela graça, exibiu apenas o produto de seu próprio trabalho, o que foi, de imediato, recusado pelo Criador. O remanescente do capítulo esboça a linhagem ímpia da queda de Caim até a sétima geração e, culmina com um relato do nascimento de Sete, o sucessor designado de Abel e do qual deveria descender a raça escolhida e o Messias.

Uma nova seção é aberta no capítulo quinto de Gênesis: O justo Abel foi morto, e todos os descendentes de Caim estão condenados à destruição pelo Dilúvio. Portanto, é de Sete a linhagem de Noé, cujos filhos, ao saírem da Arca, repovoarão a terra. Chamam a atenção do estudante da Bíblia duas frases: “No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez”, (Gn 5:1) e “Adão... e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5:3).

Pelo pecado, Adão perdeu a semelhança de Deus e sua natureza se tornou corrupta e, um pai caído não podia fazer mais do que gerar um filho de natureza pecaminosa, corrupta. Sete foi gerado à semelhança de um pai pecador e transmitiu à sua posteridade o que havia recebido. Temos aqui, a doutrina da pecaminosidade universal. Os versículos decorrentes traçam os descendentes de Sete e, a morte é amplamente narrada durante o registro. Lemos oito vezes: “E ele morreu”.  

Contudo, nos versículos 21 a 24 lemos uma notável exceção: Enoque, o sétimo desde Adão, não morreu. Ele foi trasladado sem ver a morte. “Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos. Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gn 5:21-24).

A primeira idéia que é inferida em “Enoque andou com Deus” é reconciliação. Uma pergunta pertinente é feita em Amós 3:3: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” Logo, dois andando juntos supõe acordo, afinidade, harmonia. Quando as Escrituras falam que uma pessoa andou com Deus, está implícito que ela foi reconciliada com Deus, e não o inverso. Andar com Deus implica uma correspondência de natureza, pois a luz não tem comunhão com as trevas. (Cf. 1Jo 1:6, 7). Como qualquer outro descendente de Adão, Enoque possuía uma natureza pecaminosa e, por conseguinte, era um potencial pecador e carente da “glória de Deus”.  

Em Hebreus 11:5, encontramos a chave da reconciliação de Enoque com o Céu: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte [...] obteve testemunho de haver agradado a Deus.” Nascido neste mundo, um perdido pecador é salvo pela graça mediante a fé, nasce de novo e é feito participante da natureza Divina. Ele é conduzido a um concerto com o Soberano e justificado para ter comunhão com o Altíssimo.

 

“O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO” (ANTÔNIO MACHADO: 1875-1939)

“Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. Andou Enoque com Deus” (Gn 5:21, 22). O texto bíblico não diz que Enoque andou com Deus antes que seu filho nascesse, e a conclusão provável é a de que a chegada deste presente de Deus pode ter sido o meio de conduzi-lo a esta íntima comunhão. Deveria ser sempre assim. As responsabilidades paternais deveriam nos lançar cada vez mais em direção a Deus. “Durante aqueles primeiros anos Enoque havia amado e temido a Deus, e guardara Seus mandamentos. Após o nascimento do primeiro filho, atingiu uma experiência mais elevada; foi atraído a uma comunhão mais íntima com Deus” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 51).

O nome de seu filho sugere fortemente que Enoque tinha recebido uma revelação de Deus. Metusalém significa: “Juízo de Deus”. “Quando ele morrer, o fim virá”. Enoque deve ter convivido com a urgência do tempo. Desde a época em que Metusalém nasceu, o mundo perdeu todo o seu encanto para Enoque e, daquela período em diante, como nunca antes, ele andou com Deus.

Andar com Deus é uma necessidade de todo ser humano devido à grande carência de segurança, proteção, sustento e conforto. Assim como a criança sente-se segura andando ao lado de seu pai, nós também nos sentimos quando andamos com Deus. Este tipo de andar significa: concordar, comungar, harmonizar, combinar, compartilhar, estar em sintonia. Para andar com Deus é preciso estar de acordo com Ele.

O verbo “andar” vem do vocábulo hebraico “Klh” – (halak), que além de outros, tem o sentido de “caminhar aproximadamente”, “caminhar junto de”, “conduzir”, trazendo a idéia de proximidade, comunhão. Enoque desfrutava de uma comunhão íntima com o Senhor. O verbo “tomar”, de acordo com o vocábulo hebraico “xql” – (laqach), tem o significado de “levar”, “arrebatar”, “remover”, “levar pela mão”. Enoque foi removido da terra para os céus, sem passar pela morte.

 

COMO ENOQUE ANDAVA COM DEUS?

“O andar de Enoque com Deus não era em transe ou em visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou eremita, isolando-se inteiramente do mundo; pois tinha no mundo uma obra a fazer para Deus. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e pai, amigo e cidadão, era o resoluto e inabalável servo do Senhor” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, pp. 51, 52).

“Enoque foi um ensinador público da verdade na época em que viveu. Ele ensinava a verdade; vivia a verdade; e o caráter do ensinador que andava com Deus era, em todos os aspectos, harmonioso com a grandeza e santidade de sua missão. Enoque era um profeta que falava movido pelo Espírito Santo” (Ellen G. White, Recebereis Poder, 253).

 

ENOQUE NA TERRA DE CAIM

“Ao serem-lhe reveladas as cenas do futuro, Enoque tornou-se um pregador da justiça, levando a mensagem de Deus a todos os que quisessem ouvir as palavras de advertência. Na terra para onde Caim procurara fugir da presença divina, o profeta de Deus tornou conhecidas as maravilhosas cenas que haviam passado perante sua visão. ‘Eis que é vindo o Senhor’, declarou ele, ‘com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram.’ Judas 14 e 15” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 52).

 

FÉ SEM INTIMIDADE NÃO É FÉ

Com a visão dos nossos dias, creio, Jesus suscitou uma relevante reflexão: “Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18:8). Nenhuma outra geração tem se concentrado tanto na fé quanto a nossa. Todos os dias multiplicam-se os que falam sobre fé: Sermões, cursos, livros e conferências se espalham com o intuito de levar uma mensagem de fé. Hoje há pastores da fé, mestres da fé, até igrejas da fé. Obviamente, se há um tipo de especialização ocorrendo no mundo religioso nos dias de hoje, é sobre esta área da fé.

 

Infelizmente, aquilo que uma grande maioria das pessoas considera ser fé hoje, não é fé segundo o crivo das Escrituras, pois é um tópico totalmente humanizado, materializado, como se a fé  existisse só para ganho pessoal, ou para atender às necessidades pessoais, desprovida de piedade prática.  A Palavra de Deus é clara ao descrever que toda fé verdadeira nasce da intimidade com Cristo. O fato é que, se a fé não vem a partir desta intimidade, não é fé aos Seus olhos.

Hebreus capítulo onze fala de um padrão bíblico de intimidade: encontramos um denominador comum na vida das pessoas mencionadas. Cada uma tinha uma característica pessoal que denota o tipo de fé que Deus ama, ou seja, uma fé nascida de uma profunda intimidade com o Senhor que vem de se desejá-Lo ardentemente, de um laço de união, de comunhão. “A intimidade do Senhor é para os que O temem, aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança” (Sl 25:14). O fato é que é impossível possuir a verdadeira fé sem compartilhar intimidade com Ele.

Segundo Hebreus, foi a intimidade de Enoque com o Senhor que  tanto O agradou. Tanto quanto se sabe, este homem nunca realizou um milagre, nunca desenvolveu uma teologia profunda, nunca fez grandes obras que merecessem menção nas Escrituras. Em vez disso, lemos esta declaração simples da vida deste homem simples: “Andou Enoque com Deus”. Através do exemplo de Enoque, aprendemos que muito mais importante do que ter ou fazer é SER.

Em nossa sociedade atual, espiritualidade é medida proporcionalmente pelos bens que adquirimos, ou pelos grandes “feitos” que realizamos em nome da religião. Porém, se estivermos “andando com Deus”, não vamos mais precisar de nenhum subsídio para evidenciar nossa comunhão com Ele. Não precisaremos mais do marketing religioso para vender a nossa imagem pública diante das pessoas. Pois a única coisa que realmente terá importância pra nós será a bênção de “andar com Deus.” Que seja esta a nossa marca, o nosso slogan, o fator diferencial da nossa vida.

 

DEPENDÊNCIA, CADA DIA, DE DEUS

Um marido, cansado de problemas familiares, desabafou para a esposa: “É incrível! Sempre temos um problema familiar pelo qual orar. Parece que isso não acaba nunca!” A esposa ponderou: “E o que você queria? Ser independente de Deus?” A vida cristã é isto – dependência diária de Deus, tanto na paz como na tempestade. Nos escritos bíblicos encontramos revelações muito francas sobre os defeitos de caráter de grandes homens de Deus, como Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi e outros. Sobre Enoque, lemos que tinha “intuição de sua própria fraqueza e imperfeição” (Patriarcas e Profetas, p. 85).

A vida de Enoque é, sem dúvida, um exemplo para os crentes de todas as épocas. Nosso andar com Deus não deve ser alcançado através de experiências místicas ou afastamento da sociedade, “mas em todos os deveres da vida diária”. Em meio à correria desenfreada da vida moderna, precisamos “aquietar” para conhecer e saber Quem é Deus (Cf. Sl 46:10). Vivemos na era dos “fast food”, aviões e trens velozes, os quais tornam possível estarmos em dois ou três lugares no mesmo dia. Apesar de tudo isto, a cruz possibilita o nosso andar com Deus.

Martinho Lutero tinha uma frase que dizia: “Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu Guia.” “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co 1:9). Aquele que experimenta o novo nascimento, precisa crescer na graça e no conhecimento de Cristo, o que não ocorre da noite para o dia, mas é obra de uma vida inteira. Basta entregar-se, diariamente, à fonte dessa transformação.

 

 

 

Realmente Enoque não era do tipo que apreciava fazer as mesmas promessas, todos os finais de ano, dizendo que no ano seguinte faria mais exercícios, comeria mais frutas, passaria mais tempo com a família, investiria mais tempo em oração, etc. Nada disso. Enoque era homem com hábitos bem claros e que sabia aonde queria chegar. Não era muito afeito a sentimentalismos típicos de Ano-Novo, mas optava por decisões consistentes e duradouras. Isso ele aprendeu diretamente com seus pais e com Deus. Aliás, o sujeito se tornou companheiro inseparável do Eterno.

Quem não conhecia Enoque, pensava que era mais um louco. Parecia que, às vezes, falava sozinho enquanto caminhava. Nem pensar em insanidade. Apesar da longevidade, Enoque não tinha qualquer traço de senilidade. Tratava-se de um homem bem lúcido, capaz de ter uma boa palavra para quem se aproximava dele. Aliás, seus conselhos valiam ouro. Com a experiência de dezenas de anos de vida e a proximidade com o Criador, Enoque bem que podia cobrar até 500 mil dólares por palestras. Ficaria rico em pouco tempo! Convites não faltavam para se assentar nas várias rodas de ouvintes e a todos procurava atender.

De vez em quanto, entretanto, Enoque sumia temporariamente. Subia um monte, afastava-se por um rápido período de tempo do povo em geral e ficava em profunda reflexão com Seu grande amigo. Era a hora de providenciar uma recarga especial de baterias. Mas longe de ser um ermitão, um cidadão isolado, alheio às necessidades daqueles que conviviam com ele. Enoque, com seus filhos, mantinha um bom relacionamento na comunidade. Homem de ótima reputação; em resumo, era uma referência para quem tinha dúvidas acerca de como as coisas funcionavam no reino celestial. Queria entender um pouco mais de Deus? Não precisava navegar na web, nem assistir a programas de TV ou comprar livros específicos. Bastava passar uns minutos com Enoque que muitas dúvidas eram esclarecidas.

Dizem que o hábito faz o monge, mas, no caso de Enoque, o hábito fez muito mais do que isso. Repetidamente esse contato com o Eterno fez com que o próprio Deus resolvesse tomar uma atitude meio “radical”. Resolveu recompensar o amigo da terra e o levou para morar com Ele, só que no céu. Que presente de Ano-Novo! E, para completar, recebeu um vislumbre do que seria o futuro com o Salvador da humanidade. O que mais poderia querer o bem-aventurado Enoque?

Nada. Apenas desfrutar uma vida sem passar pela morte. Privilégio de pouquíssimos, oportunidade ímpar que o homem religioso, de hábitos cotidianos e de vida modesta, soube aproveitar. Quem não passou um tempinho com Enoque, enquanto ele viveu sua vida por aqui na terra, agora pode meditar no seu passado exemplar. Se ele foi perfeito, isso eu não sei. Mas certamente é um modelo a ser seguido por todos aqueles que não querem fazer apenas promessas em 2012, mas tomar importantes decisões.

Para mim, Enoque, sem dúvida alguma, foi um homem reavivado espiritualmente.

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DEUS VÓS ABENÇOE EM SABEDORIA.